Os benefícios da mamografia superam os riscos em algumas mulheres de 40 anos de idade. As mamografias detectam tumores precocemente, mas os falsos positivos também são frequentes, o que produz ansiedade, exige a realização de testes mais invasivos e dão lugar ao uso de tratamentos desnecessários. Além disso, a mamografia também emite uma pequena dose de radiação, que, em longo prazo, pode elevar ligeiramente o risco de desenvolver algum câncer.
Atualmente, pensa-se que se submeter a exames de detecção antes dos 40 anos, tem mais prejuízos do que benefícios. Cerca de 50% das mulheres que realizam uma mamografia anual após os 40 anos terão pelo menos um falso positivo, o que exigirá testes adicionais, e em mais de 5% uma biópsia.
Os resultados de dois estudos publicados na revista Anais de Medicina Interna mostram que os benefícios da mamografia podem ser maiores do que os prejuízos em mulheres com mais de 40 anos com risco de câncer de mama.
O primeiro estudo revelou que a presença de tecido mamário muito denso ou ter uma familiar de primeiro grau com câncer de mama, duplica o risco de câncer em comparação com a população em geral.
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O risco aumentou ainda mais em mulheres que tinham mais de um familiar de primeiro grau com câncer de mama, ou se o familiar foi diagnosticado antes dos 50 anos de idade. Também o uso atual de contraceptivos orais, a nuliparidade e ser primípara depois dos 30 anos aumenta o risco de câncer de mama.
No segundo estudo, os pesquisadores usaram modelos matemáticos para investigar os pontos de inflexão na análise risco-benefício da mamografia. Os resultados sugerem que as mulheres de 40 anos com um risco aumentado de 1,6 a 2 vezes de câncer de mama, têm uma relação de prejuízos e benefícios da mamografia semelhante ao das mulheres de 50 a 74 anos de idade.
Portanto, as evidências sugerem que para as mulheres que têm o dobro do risco de câncer de mama, a detecção bienal no início dos 40 anos proporciona mais benefícios do que prejuízos.
Os autores sugerem a importância de realizar avaliações individualizadas baseadas no risco, assim, recomendam uma mamografia basal aos 40 anos para identificar fatores de risco, como a densidade mamária. Também recomendam uma mamografia anual em mulheres de alto risco, semestral para as de risco intermediário, e adiam a data de início deste teste para aquelas que têm um risco médio de câncer de mama.