Muitas pessoas se perguntam se existe algum remédio para o transtorno bipolar. Antes de dar uma resposta a respeito resulta conveniente explicar em que consiste esta doença e quais são seus sintomas mais característicos.
O transtorno bipolar (anteriormente chamado de doença maníaco-depressiva) é uma doença mental que afeta um número significativo de pessoas.
A idade média de início é desde a adolescência até o início da década dos 20 anos. No entanto, devido à complexidade do transtorno, o diagnóstico correto pode ser adiado durante vários anos.
A quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) distingue quatro categorias de transtorno bipolar: bipolar I, bipolar II, ciclotimia e transtorno bipolar não classificado em outra parte.
O transtorno bipolar I é caracterizado por episódios maníacos, a parte alta do ciclo maníaco-depressivo. Um paciente bipolar que experimenta mania costuma ter sensação de auto-importância, euforia, loquacidade, aumento da sociabilidade e desejo de se envolver em várias atividades, juntamente com irritabilidade, impaciência, impulsividade, hiperatividade, e uma diminuição da necessidade de sono.
Normalmente, este período maníaco é seguido por outra depressão, embora algumas pessoas que apresentam transtorno bipolar I possam não experimentar um episódio depressivo importante. Os estados mistos, em que tanto os sintomas maníacos e hipomaníacos como as síndromes depressivas ocorrem simultaneamente, são comuns em pacientes com transtorno bipolar I (por exemplo, depressão com pensamentos de mania). Também é frequente a mania disfórica (raiva e irritabilidade).
O transtorno bipolar II é caracterizado por episódios depressivos importantes alternando com episódios de hipomania, uma forma mais leve de mania. A depressão bipolar pode ser difícil de distinguir de um episódio depressivo unipolar importante. Os pacientes com depressão bipolar tendem a ter uma energia extremamente baixa, atraso nos processos mentais e físicos e uma fadiga profunda (por exemplo, hipersonia, um distúrbio do sono caracterizado por uma necessidade de dormir de forma excessiva ou sonolência quando está acordado) diante dos depressivos unipolares.
A ciclomania refere-se ao ciclo de episódios hipomaníacos com depressão que não chegam a alcançar as proporções de uma depressão importante. Um terço dos pacientes com ciclotimia sofrem transtornos bipolares I ou II mais tarde na vida.
Um fenômeno conhecido como ciclos rápidos ocorre em até 20% dos pacientes com transtornos bipolares I e II. Alternam-se com frequência os episódios maníacos e depressivos, pelo menos quatro vezes em 12 meses. Em alguns casos de ciclos ultrarrápidos, o paciente sofre de estados de mania e depressão várias vezes durante 24 horas. Esta situação é muito difícil de distinguir dos estados mistos.
O transtorno bipolar não classificado em outra parte é uma categoria de estados bipolares que não se encaixam exatamente nos diagnósticos anteriores.
Leia também: "Transtorno Bipolar – O Que é e Quais São os Tipos de Transtorno Bipolar".
A origem do transtorno bipolar não foi claramente definida. Dois terços dos pacientes bipolares apresentam uma história familiar de transtornos afetivos ou emocionais, por isso, alguns pesquisadores têm procurado uma relação genética no transtorno.
Diversos estudos descobriram diversas conexões genéticas da predisposição do transtorno bipolar, e outra possível causa biológica que está sendo investigada é a presença de um excesso de cálcio acumulado nas células dos pacientes bipolares. Além disso, a dopamina e os neurotransmissores parecem estar envolvidos no transtorno bipolar e estão sendo investigados de forma intensiva.
Mais da metade das pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar têm uma história de abuso de substâncias. Existe uma elevada taxa de associação entre o abuso de cocaína e o transtorno bipolar. Alguns estudos têm mostrado que até 30% dessas pessoas que abusam das drogas cumprem os critérios de transtorno bipolar. Os altos e baixos emocionais e físicos da cocaína correspondem com depressão maníaca do paciente bipolar, o que torna difícil diagnosticar o transtorno.
Em alguns pacientes bipolares, os episódios maníacos e depressivos coincidem com as mudanças sazonais. Os episódios depressivos são típicos durante o inverno e o outono, e os maníacos são mais prováveis na primavera e no verão.
Os sintomas de episódios depressivos bipolares são baixos níveis de energia, sensação de desespero, dificuldade de concentração, fadiga extrema e retardo psicomotor (capacidades mentais e físicas mais lentas).
Os episódios maníacos são caracterizados pela sensação de euforia, desinibição, pensamentos acelerados, diminuição da necessidade de sono, loquacidade, assumir riscos e irritabilidade. Em casos extremos, a mania induz alucinações e outros sintomas psicóticos, como delírios de grandeza.
Além disso, os sintomas costumam ser crônicos ou contínuos, em vez de agudos ou episódicos. As crianças bipolares se distraem facilmente, são impulsivas e hiperativas, o que pode dar lugar a um diagnóstico equivocado de transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. Além disso, sua agressão costuma dar lugar à violência, o que pode ser diagnosticado como um transtorno de conduta.
Às vezes, o abuso de substâncias, doença da tireoide e o uso de medicamentos com ou sem prescrição mascaram ou simulam a presença de transtornos bipolares. Em caso de abuso de substâncias, o paciente deve se submeter a um período de desintoxicação e abstinência antes do diagnóstico de transtorno de humor e iniciar o tratamento.
É importante notar que sim existem remédios e terapias alternativas para o transtorno bipolar, mas costumam ser consideradas complementares à terapia convencional.
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